quarta-feira, 23 de setembro de 2009

1º CLASSIFICADO NO CONCURSO DE POESIAS DO GRUPO VIDA FELIZ .

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Poema "GUARATIBA"

Guaratiba, Guaratiba
Seu nome me faz lembrar.
Quando o homem civilizado
Quis sua terra pisar,
Aportou em uma praia,
Passando a lhe comtemplar.
O índio observador,
Aguardava de flexa em punho.
Arcando o seu bodoque,
Mirava para encontrar cunho;
O homem que invadiu parou,
Querendo dar testemunho.
Com o movimento uma garça,
Bateu asas e foi voar
E o índio em Tupi,
Apontando exclamou: Guará
A garça serenando,
Junto a outras foi pousar.
Outros índios admirados,
Rodando em volta do cetro,
Gritavam: Tiba, Tiba,
Usando o seu dialeto,
Mostrando pra quem chegou
O pássaro predileto.
Ficou na imaginação,
O nome desse lugar.
Voltando a embarcação,
O homem foi navegar.
Procurando um porto seguro,
Outras praias foi buscar.
Mas o índio que habitava
Todo o nosso litoral.
Ao notar sua presença,
Fez o mesmo ritual.
Mostrando pra quem chegou
No seu trajo habitual.
Seu preceito, sua crença,
Pulando, cantando, apontava;
Outro monte a distância
Para os entranhos mostrava:
Aitinga, Aratuquacima
A ilha que imaginava.
Ainda não foi daquela vez
Que o homem branco se apossou
Dessa terra tão querida,
E outras vezes tentou.
Até que em definitivo,
Um dia ele voltou.
E ao aportar de novo
Já trazia para o batismo,
Os dois nomes que ouviu
Dos silvícolas com civismo,
Guará-Tiba, Guará-Tiba
Surgiu com patriotismo.
Assim surgiu Guaratiba,
Quatro séculos são passados.
E suas comunidades,
Surgiram com muito grado;
Mil quinhentos e setenta e nove,
Mês de março é consagrado.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O IPÊ E O MARFIM VEGETAL

Vi você nascer ao meu lado
Dei-lhe proteção com minha sombra
Você cresceu fino e desajeitado
Tocando-me, seu galho, qual uma tromba.

Este seu braço devagar foi-me abraçando
Eu, como adulto, não pude evitar
Que seu abraço fraterno, me apertando,
Deixasse o amigo se afastar.

Passou-lhe o tempo e a seu lado
Velho e cansado fui ficando,
Você, bom irmão e amigo,
Sabia que eu estava definhando.

O pior disso tudo é que o fogo
Implacável o meu tronco devorou.
Senti que ia cair, mas o amigo
Pacientemente não deixou.

Sem pernas para sustentar o corpo
Nem voz para clamar por socorro
Ouvia você me dizer:
"Abraçado contigo, também morro".


Oh! Que triste odisséia
Vive a árvore na velhice
Quando o fogo a consome
Gargalham e dizem tolice.


Mas não sabem a dor que sente
Quem o fogo o devora
Ou quando o machado corta
A pele, a carne, a árvore chora.


Ficaram assim abraçados,
O Marfim Vegetal e o Ipê
Num abraço fraternal
Para quem quisesse ver.


Um machadeiro querendo
Lenha para o seu fogão
Cortou um e caíram os dois
Qual esqueletos no chão.

Poema editado pela Litteris Editora Ltda
Coletânea de Escritores do Rio de Janeiro e Paraná

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Mãe

Ao caminhar numa rua
Melancólico com a vida
Observo à distância
Uma idosa senhora
Que para mim muito olhava
E de longe balbuciava
Tem um trocadinho pra mim?


Aquilo tocou-me a mente
E notei no seu semblante
Aquela que eu adorava
Depressa me aproximei
Enos seus olhos notei
Que algumas lágrimas rolavam


Meti a mão na algibeira
E tudo que tinha lhe dei
Notando aquela alegria
Que seus lábios transmitiam
Pensei na minha mãezinha
Fui caminhando e chorei


Mãe não é só aquela
Que me gerou, me pariu
São todas que já têm filhos
Ou estão na maternidade
Pra terem a felicidade
Como a minha, que já partiu.

O Camundongo e a Lagartixa

De repente vejo um vulto
Se arrastando que nem bicha
Rabo em pé, meio espantada
Tive pena da coitada:
Uma esguia lagartixa

Indaguei comigo mesmo
Será fome, será sede?
Que a fez mudar o caminho
Com o seu rabo fininho
Não procurou a parede!

Tanto olhava para trás
Que até me supreendeu
Fui sutilmente olhar
Para não lhe espantar
E outro bicho não deu

Um pequeno camundongo
Que na porta ultrapassou
Fazendo barulho e força
Assustou aquela moça
Que até o caminho errou

Contemplando aqueles dois
Não querendo desfazer
A cena que me prendia
Olhando então eu pedia
Pra nenhum dos dois correr

Aí a lagartixa
Resolveu retroceder
Olhando cizuda pro outro
Que pulava como um potro
Procurava se esconder

O recanto era exíguo
Não deixaram pra depois
Se um correndo fugia
O outro fugindo corria
Que gracinha ver os dois!

Quando dei conta de mim
Entre eles eu estava
Naquela louca agonia
Um pulava outro grunhia
Eu quase pisoteava

Felizmente um subiu
Na parede e foi embora
O outro encontrou a porta
Que passou e foi de volta
Mas, me deixaram esta estória.